Por Yuri Schmitke A. B. Tisi<\/strong><\/p>\n\n\n\nRecentemente, em 09 de julho de 2024, o Jornal GGN publicou o artigo intitulado “Oitenta e um bilh\u00f5es jogados no lixo”, que apresenta uma s\u00e9rie de acusa\u00e7\u00f5es infundadas e desinformadas sobre a gest\u00e3o dos res\u00edduos s\u00f3lidos na cidade de S\u00e3o Paulo. Como representantes das tecnologias de recupera\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica de res\u00edduos, a Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Recupera\u00e7\u00e3o Energ\u00e9tica de Res\u00edduos (ABREN) tem a obriga\u00e7\u00e3o de esclarecer os fatos, combater inverdades e apresentar uma resposta baseada em dados e na realidade dos fatos.<\/p>\n\n\n\n
1. Contratos de Concess\u00e3o: Transpar\u00eancia e Legalidade<\/strong><\/p>\n\n\n\nAo contr\u00e1rio do que foi alegado, a renova\u00e7\u00e3o dos contratos com as empresas Loga e Ecourbis seguiu todos os tr\u00e2mites legais e contou com a supervis\u00e3o do Tribunal de Contas do Munic\u00edpio (TCM). A decis\u00e3o de prorrogar os contratos foi tomada ap\u00f3s cuidadosa an\u00e1lise t\u00e9cnica e financeira, considerando a efici\u00eancia dos servi\u00e7os prestados e a necessidade de continuidade dos mesmos para evitar interrup\u00e7\u00f5es prejudiciais \u00e0 popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
2. Gest\u00e3o de Res\u00edduos S\u00f3lidos: Desafios e Solu\u00e7\u00f5es<\/strong><\/p>\n\n\n\nA gest\u00e3o dos res\u00edduos s\u00f3lidos urbanos (RSU) tem sido um grande desafio no Brasil e no mundo, especialmente diante da quantidade cada vez maior de res\u00edduos que s\u00e3o produzidos nas grandes cidades e da falta de espa\u00e7o para sua correta destina\u00e7\u00e3o. No Brasil, 39,5% do lixo urbano \u00e9 destinado a lix\u00f5es, e 30% do RSU vai para aterros sanit\u00e1rios situados total ou parcialmente em \u00c1reas de Preserva\u00e7\u00e3o Permanente (APP).<\/p>\n\n\n\n
Atualmente, o Estado de S\u00e3o Paulo est\u00e1 com metade dos aterros sanit\u00e1rios entrando em colapso neste ano, segundo dados da pr\u00f3pria CETESB, e h\u00e1 elevado risco de mais APP\u2019s serem afetadas com a expans\u00e3o dos atuais aterros. Portanto, \u00e9 crucial encontrar solu\u00e7\u00f5es eficientes e sustent\u00e1veis para lidar com essa quantidade monumental de lixo produzida diariamente.<\/p>\n\n\n\n
3. Tecnologias de Recupera\u00e7\u00e3o Energ\u00e9tica: Sustentabilidade e Inova\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n\nA recupera\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica por meio da combust\u00e3o ou incinera\u00e7\u00e3o, conhecida como Waste-to-Energy (WTE), \u00e9 de longe a tecnologia mais sustent\u00e1vel e adequada a este processo, pois \u00e9 a \u00fanica que elimina a necessidade de disposi\u00e7\u00e3o de res\u00edduos n\u00e3o recicl\u00e1veis em aterros sanit\u00e1rios, sendo a melhor op\u00e7\u00e3o para grandes centros urbanos.<\/p>\n\n\n\n
Atualmente, essa tecnologia conta com 3.000 usinas em opera\u00e7\u00e3o em todo o mundo, sendo 540 na Uni\u00e3o Europeia, 1.000 no Jap\u00e3o, 1.000 na China e 79 nos Estados Unidos (Ecoprog, 2023). S\u00e3o usinas que possuem sofisticados sistemas de purifica\u00e7\u00e3o e lavagem de gases, n\u00e3o oferecendo qualquer risco \u00e0 sa\u00fade p\u00fablica.<\/p>\n\n\n\n
Al\u00e9m disso, est\u00e3o previstos para os pr\u00f3ximos anos R$ 80 bilh\u00f5es em investimentos em todo o mundo, sendo que cerca de 60 usinas entram em opera\u00e7\u00e3o comercial todos os anos. Logo, \u00e9 falsa a alega\u00e7\u00e3o de que essas implanta\u00e7\u00f5es s\u00e3o desencorajadas ou at\u00e9 proibidas em alguns pa\u00edses. Apenas localidades atrasadas como o Brasil e a Am\u00e9rica Latina ainda n\u00e3o possuem tais unidades, e tamb\u00e9m s\u00e3o os pa\u00edses que amargam os piores \u00edndices de reciclagem, sociais e de sa\u00fada p\u00fablica decorrentes do manuseio incorreto de recicl\u00e1veis. <\/p>\n\n\n\n
Segundo dados do Banco Mundial e da Uni\u00e3o Europeia, os pa\u00edses que mais reciclam tamb\u00e9m s\u00e3o aqueles que mais promovem a recupera\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica de materiais. Os 5 pa\u00edses com maiores \u00edndices de reciclagem, entre 50 a 70%, tamb\u00e9m possuem os maiores \u00edndices de recupera\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica, entre 30 e 50%. Nesse sentido, o Gr\u00e1fico abaixo, dos pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia, ilustra muito bem essa realidade.<\/p>\n\n\n\n <\/figure>\n\n\n\n4. Exemplos Internacionais de Sucesso<\/strong><\/p>\n\n\n\nPara se ter um exemplo, Paris, que sediar\u00e1 os Jogos Ol\u00edmpicos neste ano, possui tr\u00eas usinas dessa natureza que ficam a dois quil\u00f4metros da Torre Eiffel e do Museu do Louvre. Operando h\u00e1 mais de 20 anos, a fuma\u00e7a que sai da chamin\u00e9 \u00e9 mais limpa que o ar da cidade, pois as dioxinas e furanos emitidos representam 0,2% do total existente no ar, conforme estudos cient\u00edficos realizados e divulgados pela CEWEP (2023). Em m\u00e9dia, 35% das dioxinas e furanos de uma cidade s\u00e3o provenientes de ve\u00edculos a combust\u00e3o. Singapura tamb\u00e9m incinera todos os seus res\u00edduos n\u00e3o recicl\u00e1veis, e dados de medi\u00e7\u00e3o comprovaram que o ar da chamin\u00e9 \u00e9 mais limpo que o da pr\u00f3pria cidade.<\/p>\n\n\n\n
Copenhague, na Dinamarca, possui uma usina de recupera\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica com pista de esqui, trilha de caminhada e parede de escalada em seu exterior, um espet\u00e1culo de arquitetura e sustentabilidade. Em termos proporcionais, uma churrascaria emite mais dioxinas e furanos do que a chamin\u00e9 de uma usina WTE, e nem por isso se questiona se o churrasco deveria ser proibido.<\/p>\n\n\n\n
5. Estudos Cient\u00edficos e Sa\u00fade P\u00fablica<\/strong><\/p>\n\n\n\nNo artigo \u201cA verdade cient\u00edfica sobre a recupera\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica de res\u00edduos\u201d (\u201cScientific Truth about Waste-to-Energy\u201d), de autoria do Ph.D. Marcos J. Castaldi, Diretor do Departamento de Engenharia Qu\u00edmica do City College of New York City, University of New York, diversas informa\u00e7\u00f5es cruciais s\u00e3o apresentadas sobre o impacto do Waste-to-Energy na sa\u00fade humana e no meio ambiente. Estudos independentes indicam que a sa\u00fade humana n\u00e3o \u00e9 negativamente afetada pelo WTE, e as usinas que utilizam dessa tecnologia, tanto nos Estados Unidos quanto globalmente, operam dentro dos padr\u00f5es ambientais.<\/p>\n\n\n\n
Um relat\u00f3rio do Conselho Nacional de Pesquisa, de 2000, declarou que poluentes como material particulado, chumbo, merc\u00fario, dioxinas e furanos, provenientes de instala\u00e7\u00f5es WTE bem administradas, contribuem pouco para as concentra\u00e7\u00f5es ambientais ou para os riscos \u00e0 sa\u00fade.<\/p>\n\n\n\n
Conclus\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n\nA melhor decis\u00e3o a ser tomada, sem d\u00favidas, deve ser a de adotar as pr\u00e1ticas mais indicadas em gest\u00e3o de res\u00edduos, j\u00e1 conhecidas e comprovadas pela engenharia moderna. As usinas Waste-to-Energy representam uma solu\u00e7\u00e3o eficaz para o gerenciamento da fra\u00e7\u00e3o n\u00e3o recicl\u00e1vel dos res\u00edduos. Quando bem operadas, essas usinas n\u00e3o oferecem riscos \u00e0 sa\u00fade humana, pois suas emiss\u00f5es s\u00e3o rigorosamente controladas e monitoradas. Al\u00e9m disso, s\u00e3o uma solu\u00e7\u00e3o sustent\u00e1vel de saneamento b\u00e1sico que, como consequ\u00eancia, fornecem ainda energia el\u00e9trica. Portanto, a implementa\u00e7\u00e3o e o aprimoramento das usinas WtE constituem a melhor abordagem para uma gest\u00e3o sustent\u00e1vel e segura dos res\u00edduos s\u00f3lidos urbanos.<\/p>\n\n\n\n
Yuri Schmitke A. B. Tisi. <\/strong>Presidente Executivo da ABREN, Vice-Presidente do Waste to Energy Research and Technology Council (WtERT), Mestre em Direito e Pol\u00edticas P\u00fablicas pelo UniCEUB, certificado pela International Solid Waste Association (ISWA) como International Waste Manager e professor convidado da FGV S\u00e3o Paulo no MBA em Recupera\u00e7\u00e3o Energ\u00e9tica e Tratamento de Res\u00edduos.<\/p>\n\n\n\nPara conferir a publica\u00e7\u00e3o original, no Jornal GGN, clique aqui<\/a>.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"Atualmente, o Estado de S\u00e3o Paulo est\u00e1 com metade dos aterros sanit\u00e1rios entrando em colapso neste ano, segundo dados da pr\u00f3pria CETESB Resposta ao Artigo “Oitenta e um bilh\u00f5es jogados no lixo“ Gera\u00e7\u00e3o de energia a partir do lixo: uma realidade internacional que ainda enfrenta inverdades no Brasil Por Yuri Schmitke A. B. Tisi Recentemente, […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":7267,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false,"jetpack_publicize_feature_enabled":true},"categories":[10,13],"tags":[],"jetpack_publicize_connections":[],"yoast_head":"\n
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