O G20, sob a presidência da África do Sul, colocou a gestão de resíduos e o Waste-to-Energy (WtE) no coração da agenda ambiental e climática global. A nova Issue Note do grupo — documento que define as prioridades de implementação — é clara: o mundo precisa tratar seus resíduos residuais com tecnologia, eficiência e segurança ambiental, e o WtE é o caminho para isso.
O texto reconhece o crescimento explosivo dos resíduos sólidos urbanos no planeta e alerta: sem ação imediata, os impactos sobre o clima, a biodiversidade e a saúde humana quase dobrarão até 2050. Mesmo com avanços em reciclagem, parte dos resíduos sempre persistirá, e é justamente sobre essa fração que o WtE atua — fechando o ciclo da economia circular com geração de energia limpa e recuperação de materiais.
♻️ Da reciclagem à energia: o papel do WtE na economia circular
Segundo o documento, a gestão de resíduos deve ir além da coleta e disposição: deve ser parte estratégica da política climática. O G20 destaca que as usinas WtE modernas são a única solução viável e sustentável para os resíduos não recicláveis, permitindo:
- Redução drástica da destinação em aterros;
- Recuperação de metais e minerais das cinzas e escórias;
- Geração de energia renovável a partir da fração biodegradável dos resíduos;
- Controle rigoroso de emissões e reaproveitamento de subprodutos.
A prioridade é construir cadeias de valor que conectem regulação, investimento e tecnologia, promovendo capacitação técnica e implementação de projetos escaláveis, sobretudo nos países em desenvolvimento.
🇧🇷 O Brasil na agenda global: a liderança da ABREN
No Brasil, a Associação Brasileira de Energia de Resíduos (ABREN) é quem lidera esse movimento. Representando o país em fóruns internacionais e na Waste-to-Energy Research and Technology Council (WtERT), a ABREN atua para viabilizar projetos concretos, promover ambiente regulatório seguro e atrair investimentos que tornem o país referência na transição energética a partir de resíduos.
Enquanto o G20 pede cooperação técnica, capacitação e projetos escaláveis, a ABREN entrega ação concreta, resultados e liderança técnica, alinhando o Brasil às melhores práticas internacionais.
Entre os principais eixos de atuação da ABREN estão:
- Destravar a regulação do setor, para viabilizar contratos de longo prazo e garantir segurança jurídica aos investidores;
- Promover transferência de tecnologia com países líderes em WtE, como China, Japão e Suécia;
- Apoiar governos estaduais e municipais na elaboração de planos regionais com foco em recuperação energética;
- Estimular a formação profissional e técnica, com programas como o MBA Executivo em Energia de Resíduos (ABREN + Ibmec);
- Mobilizar capital e parcerias público-privadas para transformar projetos-piloto em infraestrutura nacional de larga escala.
⚡ De recomendação global a realidade brasileira
O WtE é mais que uma recomendação técnica: é uma exigência ambiental e climática. O G20 2025 reconhece que a recuperação energética é parte essencial da estratégia de descarbonização — integrando as agendas de resíduos, clima e energia. A abordagem do grupo combina recuperação de recursos, segurança energética e redução de emissões de metano, o gás que mais contribui para o aquecimento global no curto prazo.
Para o Brasil, essa convergência representa uma oportunidade estratégica. O país ainda destina mais de 40% dos resíduos de forma inadequada, enquanto não possui nenhuma usina WtE em operação comercial plena. O potencial é imenso: mais de 130 plantas poderiam ser instaladas, atraindo R$ 180 bilhões em investimentos e gerando energia suficiente para milhões de lares.
🔄 Um chamado à ação
A mensagem do G20 é inequívoca: não há transição justa nem economia circular sem tratar o resíduo que sobra.
E a resposta brasileira já existe — chama-se ABREN.
A associação segue ampliando sua atuação técnica, política e institucional, construindo pontes entre o setor público, a iniciativa privada e os organismos internacionais para transformar uma diretriz global em realidade nacional.
Porque Waste-to-Energy não é o futuro — é o presente que o Brasil precisa assumir.

