Matéria do Correio Braziliense, de 02 de abril de 2018, escrito pela jornalista Simone Kafruni, que ouviu Yuri Scmitke Tisi, entre outros especialistas
As alterações no clima, com estiagens longas e preocupantes, e o compromisso global de redução das emissões de gases de efeito estufa começam a provocar alterações significativas na matriz energética do país. O Brasil, cuja dependência de eletricidade gerada a partir de hidrelétricas já ultrapassou 85%, hoje tem um mix muitomaior de fontes renováveis.
A energia hidráulica ainda é preponderante, com 60% da geração total, mas a eólica, a solar e, sobretudo, a biomassa aumentam sua participação no parque brasileiro, com o uso de matérias-primas cada vez mais exóticas. O futuro chegou e, atualmente, resíduos agroindustriais e florestais, como cavaco de madeira ou caroço de açaí, e até mesmo dejetos de animais e lixo podem se tornar fonte de energia
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Yuri Scmitke Tisi. Os resíduos agroindustriais são uma realidade na geração de energia. A batalha do advogadoYuri Schmitke Belchior Tisi é para transformar o lixo das cidades em eletricidade. Segundo ele, a recuperação energética a partir de resíduos sólidos urbanos já ocorre em diversos países da Europa e resolve, de uma só vez, o problema da geração de energia e dos lixões. “Hoje em dia é possível queimar lixo e tratar com filtros, eliminando as toxinas e os gases poluentes. Japão, China e Suécia incineram há mais de 10 anos. No Brasil, isso ainda precisa ser regulamentado na política nacional de resíduos sólidos”, afirma.
Por enquanto, o que está contemplado é apenas o biogás, gerado a partir de lixo orgânico. “A eficiência do biogás é menor, com menos rentabilidade. Já na incineração é possível gerar energia a um custo de R$ 350 o MWh. Tecnologia existe: 800 toneladas de lixo podem garantir potência de 30 MW. Só no entorno do Distrito Federal, são produzidas 4 mil toneladas por dia de lixo”, contabiliza.
Além disso, ressalta Tisi, que faz parte da comissão de direito ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), os lixões geram um passivo ambiental de custo muito elevado. No DF, eles estão em cima de lençóis freáticos, e a chance de contaminação da água é altíssima. “O trabalho de consciência élento. As tecnologias precisam se tornar mais baratas. E também existe um lobby muito forte de catadores de lixo e de empresas que os apoiam”, assinala. Veja matéria completa do Correio Braziliense