O presidente da ABREN enviou nesta semana carta ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, recomendando algumas “providências para a gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos com vistas a mitigar a proliferação do COVID-19”. Yuri Schmitke externou ao ministro Mandetta preocupação da ABREN com a gestão dos resíduos sólidos urbanos (“lixo urbano”), especialmente na situação da pandemia enfrentada pelo país.

Grupo de Trabalho
O documento enviado ao ministro lembra que o Brasil gasta R$ 1,5 bilhões por ano no tratamento de pessoas que têm exposição inadequada ao lixo urbano. Os dados são da Associação Internacional de Gestão de Resíduos Sólidos (ISWA, 2015). Em sua carta, a ABREN lembra que “tais valores poderão multiplicar-se neste momento em que o Brasil está passando com a pandemia causada pelo Coronavírus (COVID-19)”. O presidente da ABREN, Yuri Schmitke sugere a “criação de um grupo de trabalho específico para tratar do manuseio e da destinação adequada e segura do lixo urbano”.

Proteção aos Profissionais do Lixo
O Brasil emprega mais de 300 mil coletores de lixo (IBGE, 2018), que atualmente vivem em situação de risco por não possuírem equipamentos adequados de proteção contra o COVID-19. Além disso, temos 800 mil catadores lixo, que neste momento estão expostos a iminente contaminação pelo COVID-19, ao manusear o lixo nas ruas e nas centrais de triagem, transbordo e cooperativas, sem equipamentos especiais, diz a carta.

No documento enviado ao Ministro da Saúde, a ABREN sugere o uso de máscaras com filtro, roupas e luvas especiais a estes profissionais. E caso seja determinada a proibição temporária do exercício das atividades de reciclagem do lixo, deverá haver compensação adequada, “a ser sustentada por fundos específicos e direcionado aos Estados e Municípios afetados”.

Lixo Hospitalar
A carta da ABREN cita também o lixo hospitalar. “Seja por meio da incineração, fornos industriais ou autoclave, são necessárias medidas para a sua imediata eliminação, com o objetivo de conter a proliferação do COVID-19 presente nas atividades hospitalares, que devem crescer significativamente nos próximos dias”.

Funerárias
Para a ABREN, “as empresas funerárias também devem ser notificadas para que utilizem equipamentos especiais ao manusear cadáveres que vieram a óbito em decorrência do Coronavírus, sendo recomendável a presença de agentes de saúde para orientá-los”.

Tratamento Térmico de Resíduos
Ao final, além das sugestões de curto prazo, Yuri Schmitke coloca a ABREN à disposição para encontrar medidas de médio e longo prazo, com  políticas públicas assertivas para a destinação correta de resíduos – que deve incluir a incineração do lixo inservível e contaminado para a produção de energia e diminuição do peso deste setor para a conta da saúde publica.

Em sua carta ao Ministério, o presidente lembra, por fim, que a China recicla 35% e incinera (tratamento térmico) 40% do lixo urbano, gerando energia limpa e eliminando o risco de contaminação causado pelo lixo. A Europa recicla 47% e incinera 28% dos seus resíduos sólidos urbanos, sendo que países como o Japão, a incineração chega a 70%. “São países que possuem elevados índices de tratamento de resíduos e quase nenhum gasto com a saúde pública decorrente do manejo do lixo urbano”,` finalizou.