A ABREN realizou, nos dias 29 e 30 de abril, o Webinar “Recuperação Energética de Resíduos Sólidos: solução econômico-ambiental para um futuro melhor”. Este foi o segundo realizado pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos neste ano. O seminário virtualcontou com a presença de cinco especialistas brasileiros com sólida formação acadêmica, ligação com centros de pesquisa acadêmica e forte experiência no setor. O evento foi moderado pelo presidente da ABREN, Msc. Yuri Schmitke.

Segundo Schmitke, “o Brasil tem um grande potencial não explorado de biogás e biometano, sendo que o biogás pode ser utilizado para geração de eletricidade e o biometano, extraído a partir da filtragem do biogás, como combustível veicular. Segundo a World Biogas Association, o Brasil explora apenas 2% de seu potencial, tendo tal fato sido alertado este ano, por meio de correspondência, ao Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles”.

Primeiro Dia
No dia 29 de abril, a Ph.D.Suani Coelho, do Instituto Energia e Ambiente da USP (IEE/USP) abriu o seminário virtual falando sobre “Biogás e Biometano e seu potencial de aproveitamento no estado de São Paulo”. A especialista apresentou a ferramenta de georreferenciamento utilizada pelo Instituto de Energia e Ambiente “que tem ajudado na tomada de decisões de investidores, na formulação de políticas publicas de apoio ao desenvolvimento do setor de combustíveis e fontes de energia não fósseis e apoiado novas pesquisas acadêmicas no setor”.

O Ph.D. Antonio Carlos Francisco e o Ph.D. Daniel Tesser, ambos da UTFPR, apresentaram informações, dados e ferramentas do “Projeto da UNIDO/ONU de desenvolvimento da cadeia do biogás no setor agropecuário na Região Sul do Brasil” e analisaram o “Futuro dos projetos de biogás no Brasil”.

Tesser apresentou o projeto GEF Biogás Brasil, que reúne o esforços coletivo de organismos internacionais, instituições privadas, entidades setoriais e o Governo Federal em prol da diversificação da geração de energia e de combustível no Brasil, sendo uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Indústria (UNIDO), e que conta com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) como instituição líder no âmbito nacional.

O objetivo do projeto, que irá durar 5 anos, é reduzir a dependência nacional de combustíveis fósseis através da produção de biogás e biometano, fortalecendo as cadeias de valor e de inovação tecnológica no setor. Os estudos já realizados pelo projeto Biogás Brasil apontam que o potencial brasileiro de produção de biometano equivale a 44% da demanda por diesel no País.

Antonio Carlos falou especificamente sobre o ‘clustering’ para geração de valor na cadeia do biogás. Esta ferramenta consiste na identificação de possíveis parceiras estratégicas entre proprietários para geração de biogás no agronegócio, identificando as coordenadas geográficas das propriedades e o potencial de produção de biogás de cada atividade, como proteína animal (esterco de aves, suínos e gado, restos de abatedouros e laticínios), saneamento (fração orgânica separada na origem) e resíduos sucroenergéticos (cana-de-açúcar, mandioca, etc.).

Segundo Dia
Dando continuidade ao Webinário da ABREN, no dia 30 de abril, o experiente desenvolvedor de projetos Waste-to-Energy na Europa, MSc. Flavio Matos, apresentou de Paris, onde mora atualmente, os “Principais desafios para a implementação de projetos Waste-to-Energy”, cujo conhecimento é resultado dos mais de oito anos de atuação em projetos executados em todo o mundo pela CNIN – empresa francesa considerada uma das maiores do mundo no seguimento.

Matos dividiu os principais desafios em cinco aspectos: 1.Política, 2. Econômica, 3. Social, 4.Tecnológica, e 5.Legal. Entre as dificuldades de ordem política, ressaltou a questão da necessidade da Coleta Seletiva. “Toda tecnologia para a melhor gestão de resíduos tem seu lugar, desde que exista a coleta seletiva, de preferência, na origem”, lembrou. Após fazer detalhada análise de cada um dos aspectos, enfatizou que “o planejamento na escolha da tecnologia e fornecedores é essencial para o sucesso do projeto”.

O Ph.D. Daniel Sindicic, responsável pelo mais importante projeto de WTE em desenvolvimento no Brasil (e um dos dez maiores do mundo) descreveu o planejamento do projeto URE Mauá (80 MW), que deve iniciar sua construção até o final do ano. O empresário, que opera aterros em diversos Estados, além de uma unidade na Índia, lembrou que o surgimento do WTE no Brasil é importante ambiental e estrategicamente. “Estamos na eminência de um grande colapso em centenas de aterros no Brasil, pois todos têm prazo de validade”, disse Sindicic, para quem o modelo de acumulação de resíduos em aterros públicos ou privados não é mais uma solução viável. A usina de incineração URE Mauá será uma das 10 maiores usinas do mundo, com a tecnologia alemã da Standard-kessel Baumbarte, um empresa do grupo japonês JFE.

As palestras gravadas do 2º Webinar ABREN estão nos seguintes links: Primeiro dia: Biogás e Biometano. Segundo dia: Waste-to-Energy:

O seminário foi organizado pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), com apoio da BW Expo, NRG HUB e Ambiental Mercantil.

Para acessar as palestras do webinar, clique nos links abaixo:

– Palestra dos Ph.Ds. Antonio Carlos Francisco e Daniel Tesser: clique aqui!

– Palestra de Flavio Matos: clique aqui!

– Palestra de Suani Coelho: clique aqui!