O Brasil foi sede do primeiro evento mundial sobre geração distribuída, o World Fórum GD, que ocorreu entre os dias 24 a 27 de novembro, 100% online.
O World Fórum GD teve o apoio da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), a associação brasileira oficial do setor, e tratou exclusivamente dos interesses das empresas de GD – geração distribuída do Brasil – com a discussão de novos rumos, tecnologias e tendências na área, para além da apresentação de pesquisas pelo setor acadêmico e trocas comerciais entre os interlocutores no nível doméstico e mundial. A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) também participou como entidade apoiadora do evento.
As questões afeitas à geração distribuída com fontes renováveis ganharam destaque na programação do evento. O Presidente da ABREN, Yuri Schmitke, participou do painel “Considerações e Opções de GD com Fontes Renováveis” e apresentou itens relevantes da agenda da ABREN, especialmente sobre os benefícios ambientais, sociais e econômicos das usinas de recuperação energética, assim como as perspectivas de investimentos e projetos que estão sendo implementados no Brasil.
Yuri também ressaltou que o Brasil gasta R$ 2,7 bilhões por ano no tratamento de doenças causadas pela exposição inadequada do lixo, ou seja, 27 bilhões em 10 anos (ISWA, 2015), pontuando que constituem atributos inerentes às usinas de recuperação energética WTE, justamente evitar os custos em vários campos sociais, econômicos e ambientais.
Outro importante destaque entre os debatedores disse respeito ao novo marco do saneamento brasileiro, a Lei nº 14.026 de 2020, especialmente quanto às seguranças que a lei engendra para os investidores no mercado relevante, a saber: fim dos contratos irregulares ou de curto prazo; obrigatoriedade de licitação por meio de PPPs – concessões patrocinadas de 30 anos; cobrança direta da tarifa de lixo na conta de consumo de água; regionalização (formação de consórcios públicos), itens que configuram garantias financeiras para o Project Finance.
Ao todo, foram quatro dias de programação, com a participação dos principais especialistas e empresas nacionais e internacionais atuantes no setor. No painel final de debates do tema “Considerações e Opções de GD com Fontes Renováveis”, os panelistas foram desafiados a responder as seguintes perguntas: como vislumbravam o cenário atual e futuro das energias renováveis e na área específica de atuação de cada debatedor, e qual a tendência das energias renováveis nos próximos anos.
O Presidente da ABREN, Yuri Schmitke, exemplificou seu otimismo sobre o avanço da agenda de energias renováveis no campo do tratamento de resíduos (biogás, CDR e WTE) no Brasil, ressaltando as condições favoráveis possibilitadas pelo novo marco do saneamento e acentuando que já existem por aqui seis projetos de usinas WTE em andamento de grande porte.
Em Barueri, há o projeto da FOXX Haztec, que irá tratar 825 ton/dia de resíduos dia e já possui Licença de Instalação, sendo que as obras devem iniciar em 2021. O Grupo Lara se prepara para implementar sua planta para o tratamento de 3 mil ton/dia, que já obteve aprovação no Consema e deverá receber a Licença Ambiental Prévia em breve. Há também os projetos em execução na Baixada Santista (2.000 ton/dia) e em Diadema (500 ton/dia), que ainda aguardam emissão de Licença Prévia Ambiental. Mereceu também destaque o projeto do Rio de Janeiro para tratar 1.300 ton/dia, da Empresa Ciclus, que já conta com Licença Prévia Ambiental.
Os demais debatedores, representantes da Abiogás e da empresa Novaesfera, igualmente ressaltaram o cenário positivo brasileiro para a multiplicação de investimentos e projetos de energia renovável.
Confira mais informações no site do evento: https://www.worlddgforum.com/site/