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Equipe ABREN

A ABREN integra o Global Waste to Energy Research and Technology Council (GWC) e é associada da Associação Internacional de Resíduos Sólidos ou International Solid Waste Association (ISWA)

Leilão Viabiliza Primeira Usina de Energia do Lixo da AL (Valor Econômico)

O leilão para compra de energia para o longo prazo, a partir de 2026, repetiu a tendência verificada nos últimos certames e somou volumes pequenos, confirmando a expectativa do mercado. Mas mesmo em meio à baixa contratação, a licitação conseguiu viabilizar a primeira usina de recuperação energética de lixo do país.

Pertencente à Orizon Valorização de Resíduos, o empreendimento será implantado em Barueri (SP) e vendeu no leilão 12 megawatts (MW), ou 75% de sua capacidade total. A unidade receberá investimentos de cerca de R$ 500 milhões e começará a ser construída no segundo trimestre de 2022. Quando estiver operacional, vai gerar energia equivalente ao consumo de 320 mil pessoas. Serão incineradas 300 mil toneladas de lixo urbano por ano, fornecidas através de uma parceria público-privada (PPP) firmada com o município.

“Isso nos torna pioneiros e nos deixa ainda mais preparados para as próximas oportunidades no setor”, afirmou Milton Pilão, CEO da Orizon, ao Valor. “O governo começou a pensar como lá fora, onde o conceito de ‘waste-to-energy’ está mais avançado. Não é só uma solução para energia, mas também de saneamento e de saúde. Do mesmo jeito que para a água e o esgoto, temos hoje um problema de tratamento dos resíduos sólidos.”

O executivo destaca que, para usinas do gênero, contratos de venda de energia de longo prazo, como o garantido no leilão, são relevantes. “São projetos mais parecidos com uma planta de água e esgoto, com Capex muito forte na partida. Para cumprir os fatores de alavancagem para financiamento, um contrato de longo prazo é requisito.”

Projetos de “waste-to-energy” são bastante adotados em países europeus, asiáticos e nos Estados Unidos, mas ainda não ganharam terreno na América Latina. O leilão de ontem foi o primeiro a negociar um produto específico para usinas geradoras a partir de resíduos sólidos urbanos. Entende-se que o principal mercado para essas usinas está nos grandes centros urbanos — o que se torna uma vantagem, já que dispensariam a necessidade de grandes linhas de transmissão para escoamento da energia.

“Foi um pontapé inicial para criar um mercado e vamos precisar, obviamente, de mais leilões no ano que vem”, afirma Yuri Schmitke, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren).

A usina da Orizon vendeu energia a R$ 549,35/MWh, um desconto de 14,03% ante o preço inicial do certame. Na visão de Schmitke, para que haja redução de custos, é imprescindível a criação de uma cadeia nacional de fornecedores de peças e serviços, assim como aconteceu para a industria eólica.

Realizado ontem, o leilão A-5 terminou com 151 MW médios contratados em 40 usinas, que somam garantia física de 375 MW médios e 860,8 MW de potência. O preço médio do certame ficou em R$ 238,37/MWh, enquanto o deságio médio atingiu 17,48%. Em investimentos, os projetos contratados somam R$ 3 bilhões.

Todas as fontes participantes do certame tiveram sucesso. Foram negociados contratos para uma usina hídrica, onze parques eólicos, 20 usinas de geração solar e sete térmicas a biomassa, além da usina da Orizon. Na ponta compradora, estiveram as distribuidoras Light, CPFL Jaguari, CPFL Paulista, Cemar e Celpa ( da Equatorial).

Do lado dos deságios, o maior desconto veio das térmicas a biomassa, com 25,68%. Na geração eólica, o índice ficou em 16,04% (R$ 160,36/MWh). Já na solar foi de 12,62% (R$ 166,89/MWh).

“Esperávamos um leilão de cerca de 500 MW médio, mas o resultado foi três vezes menor. Isso reflete o cenário de incertezas para as distribuidoras, principalmente em relação à expansão do mercado livre e da geração distribuída de energia, além do próprio ritmo de crescimento econômico do país e, por consequência, do consumo de energia”, explica João Carlos Mello, presidente da Thymos Energia.

Sobre os deságios, Mello avalia que as taxas mais baixas se comparadas aos leilões de 2019 estão associadas ao recente aumento dos custos dos projetos de fontes renováveis. Com a disparada dos preços das commodities, o preço dos equipamentos de geração também subiu.

O menor deságio apresentado pelas fontes renováveis não é motivo de preocupação, avaliou Erik Rego, diretor de estudos de energia elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). “Temos sempre que ficar atentos para o preço-teto nunca ser uma barreira, mas se [o deságio] vai ser 16%, 20% ou 30%, preocupa menos, desde que atraia participantes para a competição”, disse, em entrevista coletiva após o certame.

No caso da eólica, o certame teve menor participação de projetos em relação a licitações passadas. No entanto, a fonte continuou sendo a que apresenta menores custos, destacou a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). “Vendemos menos do que costumamos vender em leilões regulados, mas já esperávamos que seria um leilão pequeno. Vale notar que a eólica, no preço de venda médio, foi a fonte de menor custo, apresentando grande competitividade”, disse Elbia Gannoum, presidente da entidade.

A Absolar também comemorou o resultado do certame, mas destacou o aumento da compra de energia de fontes mais caras e recomendou que o governo aumente a contratação da energia solar.

FONTE: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/10/01/leilao-viabiliza-primeira-usina-de-energia-do-lixo-da-al.ghtml

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