A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) apresentou, na quarta-feira (9), durante o Fórum GD Sudeste, um levantamento sobre o potencial de geração de energia a partir do lixo urbano da Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com o estudo, a localidade tem potencial para gerar uma economia superior a R$ 20 bilhões em 40 anos, considerando-se somente os benefícios à saúde pública e a mitigação de danos ambientais.
De acordo com estudo da ABREN, apresentado na última semana, a conta leva em consideração os benefícios à saúde pública e a mitigação de danos ambientais
Segundo o levantamento, a região tem a possibilidade de receber 23 usinas de recuperação energética (URE), com 20MW de potência instalada cada, totalizando um potencial de mais de 460 MW de potência instalada, com uma produção de energia limpa e renovável na ordem de 3,7 milhões de MWh/ano. A ação envolveria investimentos de aproximadamente R$ 16,6 bilhões e pode ser viabilizada por meio de um consórcio entre os municípios que compõem a Região Metropolitana de São Paulo, como prevê o novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020).
O estudo foi apresentado por Yuri Schmitke, presidente da ABREN, que ressalta que a economia com a instalação das UREs na região seria maior do que o investimento necessário para construí-las.
“Se levarmos em conta o que deixaria de ser gasto devido aos benefícios da recuperação energética, as usinas não teriam custo algum, pelo contrário. Além disso, esse tipo de empreendimento resolve dois problemas ao mesmo tempo: o de saneamento, por meio da destinação dos resíduos sólidos urbanos, e gera energia para milhões de pessoas, a partir de uma fonte renovável e abundante.”
Schmitke destacou ainda que a recuperação energética contribui diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), potencializando os benefícios oferecidos à população. Além disso, auxilia no tratamento dos resíduos, conforme determinação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
O executivo da ABREN informou que há cerca de 2.500 usinas de recuperação energética no mundo e que muitas dessas plantas estão localizadas no centro das cidades, como em Paris (França), que conta com 3 grandes UREs, sendo que uma das plantas está a menos de 2km da Torre Eiffel. Além de facilitar a logística do resíduo devido à sua localização, a usina reduz consideravelmente a emissão de gases de efeito estufa.
A América Latina não conta com nenhuma URE em operação até o momento. O Brasil possui alguns projetos para construção de usinas em andamento. Em 2021, a URE Barueri se tornou a primeira usina desse segmento a vencer um leilão de energia do Governo Federal. Com potência de 20 MW, a planta deve consumir cerca de 300 mil toneladas de resíduos por ano quando começar sua operação, o que deve acontecer em 2025.
Sobre a ABREN
A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) é uma entidade nacional, sem fins lucrativos, que tem como missão promover a interlocução entre a iniciativa privada e as instituições públicas, nas esferas nacional e internacional, e em todos os níveis governamentais. A ABREN representa empresas, consultores e fabricantes de equipamentos de recuperação energética, reciclagem e logística reversa de resíduos sólidos, com o objetivo de promover estudos, pesquisas, eventos e buscar por soluções legais e regulatórias para o desenvolvimento de uma indústria sustentável e integrada de tratamento de resíduos sólidos no Brasil.
FONTE: https://saneamentobasico.com.br/residuos-solidos/lixo-urbano-sp-economia/