A geração de energia elétrica, por meio do reaproveitamento do lixo urbano, resultaria em uma economia de quase R$ 800 milhões em 10 anos na saúde pública das cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas). A estimativa é da Abren (Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos) e repassada para a reportagem da Rádio Brasil nesta terça-feira (23).
O levantamento foi feito, no ano passado, com base em dados estatísticos das 28 regiões metropolitanas do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes. Ele teve o objetivo de construir um modelo econômico-financeiro que permita a construção de usinas para transformar o lixo urbano em energia elétrica, por meio do tratamento térmico do material. Com isso foi possível estimar a quantidade de usinas possíveis de serem construídas em todo o País.
De acordo com o estudo da Abren, a região de Campinas produz, em média, um milhão de toneladas de lixo por ano. Ou aproximadamente 2,9 mil toneladas por dia. A construção de uma usina de recuperação energética regional, por exemplo, poderia gerar 565 mil MW/h por ano. Ou seja, seria suficiente para abastecer com energia de 3 a 5% das residências de toda a RMC, que possui aproximadamente 3.3 milhão de habitantes.
Já o gasto com a saúde pública, pelos atendimentos feitos nas cidades por causa do contato inadequado com o lixo, é de mais ou menos R$ 79,6 milhões por ano. O valor, na avaliação da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos, poderia ser economizado com a destinação adequada dos resíduos sólidos. Já o material resultante da transformação do lixo urbano em energia elétrica poderia ser utilizado para outros fins, como a pavimentação asfáltica. Outro benefício seria o ambiental. Para a Abren, uma usina regional em Campinas poderia evitar a emissão anual de 1,5 milhão de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera.
Segundo o advogado e presidente executivo da associação, Yuri Schmitke, os benefícios compensam os investimentos que seriam necessários para a construção de uma usina regional. A estimativa é de algo em torno dos R$ 2.2 bilhões, em uma obra que duraria de seis a oito anos.
Já o secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Paulella, disse que a proposta é difícil de ser implantada no Brasil pelo alto custo e por outras consequências ambientais.