O presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), Yuri Schmitke, participou nesta quinta-feira (4) de audiência pública na Câmara dos Deputados a respeito da estruturação do leilão de reserva de capacidade na modalidade potência. O encontro, convocado em atendimento ao Requerimento nº 48/2024, do Deputado Hugo Leal, contou com a presença de especialistas de diversas entidades setoriais.
Durante sua participação, Schmitke destacou que “a recuperação energética de resíduos é uma ferramenta essencial para a descarbonização do planeta, porém o Brasil está muito atrasado nesse quesito. Enquanto há mais de 3 mil usinas de recuperação energética (URE) no mundo todo, o Brasil possui somente uma URE, que está em construção, em Barueri (SP). Para mudar esse cenário, os leilões de capacidade são um importante mecanismo de contratação”.
O representante da ABREN citou os exemplos internacionais, como as usinas de Paris, na Franca, e Copenhagen, na Dinamarca, e reforçou, ainda, que o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PLANARES) que prevê que o Brasil tenha 994 MW de potência instalada dessa fonte, porém o mesmo não está sendo cumprido. Se a contratação for feita de acordo com as metas do Planares nos próximos anos, ou seja, 66 MW por ano, o custo seria de apenas 0,06% ao ano na tarifa de energia.
“É um investimento irrisório perto dos benefícios ambientais e para a saúde publica, que superam o próprio investimento da usina. Se convertermos o custo evitado, o custo real da tarifa dessa fonte é de R$ 152,00/MWh. Além disso, o custo necessário para uma URE é menor que parte do custo real do despacho de potência do ONS, acima de R$ 750,00/MWh, de modo que haveria economicidade na tarifa do consumidor”, explicou o presidente da ABREN.
A ABREN argumentou ainda que o leilão de capacidade não deve focar exclusivamente na inclusão de fontes flexíveis no sistema elétrico, pois isso poderia excluir outras térmicas verdes e também importantes na matriz energética no contexto da descarbonização e da transição energética. Entre essas estão as térmicas que podem operar como base, com alto fator de capacidade, como a recuperação energética de resíduos, que possui um fator de capacidade de 93% e pode funcionar continuamente entre 8.000 e 8.500 horas por ano.
Essas térmicas atendem à demanda próxima aos centros urbanos e garantem confiabilidade e estabilidade ao sistema elétrico, além de reduzir em 8 vezes as emissões de gases de efeito estufa com relação às outras formas de disposição de resíduos atualmente utilizadas.
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