Projeto, em estudo pelo governo do Distrito Federal, poderá contar com uma URE e gerar mais de 40 MWh/h de energia elétrica e mais de 6.000 Nm³/dia de biometano
O Governo do Distrito Federal (GDF) está conduzindo um amplo estudo de modelagem técnica, econômico-financeira e jurídica para a concessão dos serviços de gestão, operação e manutenção do Aterro Sanitário de Samambaia, com o objetivo de transformá-lo em um complexo de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU).
De acordo com cálculos feitos pela Associação Brasileira de Energia de Resíduos (Abren) com base em documentos oficiais do projeto, após a modernização, a unidade terá capacidade para processar mais de 2.500 toneladas por dia, abrangendo resíduos domiciliares e industriais da região.
O projeto prevê a implantação de três unidades integradas: uma unidade de Triagem Mecânica, para separação automatizada de recicláveis; uma unidade de Recuperação Energética (URE), para conversão de rejeitos em energia elétrica; e três unidades de Tratamento Biológico de Resíduos Orgânicos, destinadas à produção de biogás, biometano e biofertilizante para uso agrícola.
De acordo com a projeção, o investimento total será de, aproximadamente, R$ 2,5 bilhões. Além disso, o empreendimento ampliará a vida útil do aterro de 2 para 30 anos. A infraestrutura será capaz, ainda, de gerar mais de 40 MWh/h de energia elétrica e mais de 6.000 Nm³/dia de biometano, contribuindo significativamente para a diversificação da matriz energética da capital.
O projeto também prevê a valorização das cooperativas de catadores, que atuarão na recuperação dos materiais recicláveis, com aumento de produtividade e inclusão social. Estima-se que o investimento inicial para a implantação do tratamento mecânico e biológico nos três Ecoparques do DF será de R$ 773.055.117,00, com cerca de R$ 257,7 milhões por unidade.
Além dos impactos ambientais e sociais, a iniciativa contribuirá para o cumprimento das metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), do Plano Distrital de Gestão de Resíduos Sólidos e dos compromissos internacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa e promoção da economia circular.
Yuri Schmitke, presidente Executivo da Abren, destaca: “O projeto tem o potencial de evitar um custo para a saúde pública e para o meio ambiente de R$ 3,1 bilhões durante os 30 anos de concessão em que as usinas estarão operando, inserindo o Distrito Federal nas melhores práticas mundiais de gestão de resíduos sólidos urbanos”.
Segundo dados do Brasil Energy Programm (BEB/UK, 2022), as três usinas de recuperação energética previstas poderão reduzir em cerca de 8,4 vezes as emissões de gases de efeito estufa em comparação com o atual aterro sanitário. De acordo com imagens recentes de satélites do programa Carbon Mapper, da Nasa, o aterro sanitário de Samambaia emite 5 toneladas por hora de metano, ou 43.800 toneladas por ano. Levando em consideração o cálculo de que o metano é 86 vezes mais forte do que o CO2 no horizonte de 20 anos (IPCC), chega-se ao resultado de uma emissão anual de 3,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente.