Artigo publicado no Canal Energia, em 12 de dezembro de 2017, escrito por Sérgio Guerreiro Ribeiro
(…) Sobre o biogás de aterros, o que pode-se dizer é que os “aterros sanitários” no Brasil em nada diferem dos lixões, no aspecto ambiental, pois não são regulados (nenhuma exigência semelhante a Diretiva 1999/31/CE que obriga entre outras a redução do lixo orgânico e tratamento correto do chorume) e, portanto, de péssima qualidade. Apesar disto, estão ficando inviáveis devido a aspectos ambientais, de logística e localização.
Isto é o que levou as usinas WTE a atingirem o grau de sofisticação atual. Junto com a simplificação dos processos de combustão, e aumento do preço da energia elétrica, o seu custo diminuiu, e países como China e Índia estão construindo diversas usinas WTE, 190 somente na China entre 2001 e 2017, cuja vantagem maior consiste na eliminação dos orgânicos dos aterros e ainda produzir a reciclagem dos metais (nas cinzas) e da energia que é muito maior do que aquela gerada pelo biogás dos aterros, pois inclui a energia térmica da queima dos plásticos e papeis e outros materiais combustíveis que acabariam nos aterros.
As usinas WTE se tornaram a melhor opção aos aterros pois: (i) eliminam os impactos dos orgânicos dos aterros; (ii) geram energia do material combustível não reciclável; (iii) recuperam os metais das cinzas já limpos de tintas e rótulos; (iv) as cinzas podem ser recicladas; (v) possuem as emissões mais baixas entre as usinas termelétricas; e (vi) sem elas não se pode eliminar os aterros a um custo razoável. As emissões podem ser monitoradas online e aparecem nas telas da sala de controle. Todas estas afirmações
constam do 5º Relatório de Avaliação das Mudanças Climáticas do IPCC (Cap.10 –
Anexo) ou da Diretiva 2008/98/CE já mencionada.
O que ocorre no Brasil é que o fortíssimo lobby dos aterros “sanitários”, não regulados, consegue espalhar falsas objeções e exigir medidas que encarecem WtE, tendo por objetivo atrasar o desenvolvimento de riqueza para o país, como já foi feito em Minas Gerais, que atualmente proíbe qualquer forma de incineração de RSU (…).
Em suma, não há óbices contra o biogás, mas sua aplicação não pode depender de subsídios elevados (…) pois em geral é uma tecnologia cara e com geração intermitente, que não permite armazenamento… Ver artigo completo
Sérgio Guerreiro Ribeiro
Engenheiro Mecânico pela PUC-RJ, Mestre em Engenharia Mecânica pela University of California Los Angeles, Mestre em Nuclear Engineering pelo Massachusetts Institute of Technology, Ph.D. em Engenharia Mecânica pela University of California Los Angeles e presidente do WTERT-Brasil (Waste-to-Energy Research and Technology Council), filiado a University of Columbia, New York.